As Eleições acabaram – como fica a reputação das marcas que envolveram seus nomes nas campanhas?

31 de outubro de 2022

Por Alana Santos

Agora que sabemos quem será o presidente, os governadores, o Congresso e as Assembleias, como serão os nossos dias seguintes às eleições?

Lula venceu, todos os empresários que apoiaram Bolsonaro de forma explícita não estão rindo de orelha a orelha como esperavam, certos de que teriam acertado na mosca e que suas empresas só teriam benefícios com a posição política que assumiram.

Mas não foi bem assim. Como não teria sido, mesmo que Bolsonaro tivesse sido o vencedor?

Fosse como fosse, mais ou menos metade dos eleitores que votou em Lula, de um jeito ou de outro teria (como tem) razão de sobra para falar mal daquelas marcas e dar preferência aos seus concorrentes, “cancelando” produtos, serviços e continuando uma guerra de versões que não tem data para acabar.

A nós, que nos ocupamos justamente de reputação de marcas e empresas, sempre pareceu uma decisão no mínimo desnecessariamente arriscada misturar política e negócios.

Afinal, as eleições passam, as posições políticas partidárias de cada um ficam. Mas todos – empresas, distribuidores e consumidores – continuarão a produzir, vender e comprar porque o mundo não parou de ter suas próprias necessidades, independente do governante.

Empresário que pensa a longo prazo faz muito bem quando evita assumir atitudes polêmicas, capazes de oferecer riscos, sobretudo quando envolvem e apaixonam muitas pessoas, num clima conflituoso como este que envolveu e envolve a população brasileira.

A reputação de uma empresa ganha e perde pontos em inúmeros pequenos e grandes fatos do dia a dia. Desde os mais evidentes como a sua propaganda ou a forma com que reage a manifestações que acontecem em organismos como o “Reclame Aqui” e Procons e mais modernamente sofre críticas nas redes sociais. Reputação depende, até, do respeito e da correção com que a empresa se relaciona com fornecedores e consumidores, assim como depende de se manter alheio, sem envolver a empresa de corpo inteiro em guerras políticas como esta em que o país está mergulhado.

Claro que todos podem e devem ter suas próprias convicções políticas e não deveria ser um problema expô-las em público. Assim como não faz sentido hostilizar mas atender bem, satisfazer tanto quanto possível, consumidores que tenham uma ou outra preferência política, religiosa, cultural ou de qualquer natureza.

As empresas, para além de serem operações privadas, cujo risco de sucesso ou fracasso é de responsabilidade exclusiva de seus acionistas, também prestam serviços à sociedade e por isso, devem respeitar as leis que regem sua atividade e suas relações com clientes e fornecedores sob pena de ampliar o risco sobre suas operações e perder mercado, prejudicando assim, os próprios acionistas, funcionários e seus clientes.

No ambiente empresarial, muitas vezes temos que recordar os ensinamentos de Darwin – mais do que estar certos ou errados sobre uma preferência política, é importante desenvolver a capacidade de se adaptar às mudanças de uma sociedade e entender o papel que cada empresa terá nesse novo cenário.

Conteúdo por: Victor Olszenski.

Sobre Victor Olszenski

Mestre em Ciências da Comunicação, graduado em Publicidade e Propaganda, é Executivo de Marketing, Comunicação e Relações Institucionais com 30 anos de experiência acumulada em empresas como Telefônica/ VIVO; Pial-Legrand; Deca e Toyota além da Agência de Propaganda Z+G Grey. Desenvolve estudos nas áreas de Marketing Estratégico; Marcas e Comunicação Corporativa; Relações Governamentais e Institucionais; é palestrante e professor em vários Programas de MBA em Marketing, Branding e Comunicação, entre eles, Franklin Covey Education, ESPM, Anhembi-Morumbi, FMU, Faculdades Rio Branco, UNIP e UNITAU. É coautor do Livro: Um Profissional para 2020 – Editora B4.

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