Como a SAF pode ajudar, mas não é a tábua de salvação para os clubes do Brasil

19 de abril de 2022

Por Alana Santos

No final de 2021, foi aprovada a Lei 14.193/2021, que ficou conhecida popularmente como “Lei da SAF”. Para quem não sabe, a SAF é a chamada Sociedade Anônima do Futebol. Aliás, a Betway fez uma análise completa sobre as Sociedades Anônimas do Futebol.

Isso significa que, agora, os clubes do futebol brasileiro podem deixar para trás o modelo de associação e se tornarem Sociedades Anônimas. A famosa S.A.

Assim, os clubes podem se aproximar do modelo de empresas ainda mais, agora com um regime de tributação mais atrativo para investidores.

Remando nessa maré, clubes grandes como o Cruzeiro, o Botafogo e o Vasco são exemplos de novas SAFs. E, com todos eles atolados em uma crise há anos, isso trouxe um grande motivo de esperança para os torcedores e também novas ideias, inclusive relacionadas a como vender a imagem dos clubes e internacionalizar as marcas.

Entretanto achar que o aporte de um “dono endinheirado” é solução para tudo é um erro e até os novos proprietários estão mostrando que o caminho é outro e passa pelo marketing.

Em que aspectos a SAF pode ser benéfica para um clube?

Para início de conversa, vamos falar rapidamente sobre alguns aspectos positivos envolvendo um clube se tornar uma SAF, também abordados pela Betway em seu blog de palpites no Brasileirão.

Um esclarecimento que é bom ser feito é que não necessariamente um clube que se tornou uma SAF deixa de ser uma associação civil. Afinal, a lei prevê que os dois sistemas podem continuar existindo ao mesmo tempo.

Isso permite que a SAF tome conta dos ativos do clube, permitindo uma gestão com maior liberdade.

Mas, explicando de uma maneira simples, a grande vantagem da SAF é a capacidade de atrair investidores com um modelo tributário interessante. E, dessa forma, permitir que entre mais dinheiro no clube para ser usado para investimentos internos e quitação de dívidas.

Assim, o clube tem a chance de se tornar mais profissional em sua administração. Ao mesmo tempo, a tendência é que a SAF exija que esses clubes utilizem práticas mais transparentes e com uma maior austeridade em relação ao dinheiro.

Já é possível ver isso no Botafogo, que teve resultados esportivos desastrosos nos últimos anos, com rebaixamentos e faltas de títulos. Com o americano John Textor no comando, logo de cara houve uma preocupação com a marca do Botafogo. Quem viu o primeiro jogo dessa nova era, contra o Corinthians pelo Campeonato Brasileiro, notou alguns sinais.

A entrada do time contou com um espetáculo em campo. As placas de publicidade sinalizavam um app para os torcedores, mensagens em inglês e uma ideia clara: começar a internacionalizar não só o Botafogo, mas o Brasileirão.

O país do futebol, pentacampeão do mundo, tem um campeonato que pouco é visto fora do país, algo que não faz sentido, ainda mais se comparado ao fato que competições como o Campeonato Francês tem mais penetração, apesar de sérias desvantagens se comparadas ao Brasileirão.

A ideia do marketing como um grande diferencial é o que alavancou a mudança de Palmeiras e Flamengo, dois clubes que viviam em crises políticas e financeiras. Ambos começaram a explorar as forças de suas torcidas, com o Palmeiras enchendo o Allianz Parque e com um programa de sócios-torcedores destacável e o Flamengo com sua nação empurrando o faturamento para as alturas.

Para investidores estrangeiros, o saco de dinheiro não será sem fundo: é preciso retorno e ele virá com muito marketing, criação de torcedores e o envolvimento deles com as mais diversas ações. Desde produção de conteúdo para redes sociais, criação de produtos licenciados dos mais baratos até os mais caros e um programa de sócio-torcedor útil. Ronaldo, dono do Cruzeiro, já destacou que aumentar essa renda mensal com o programa de sócios é um dos seus grandes objetivos no primeiro ano.

A união do futebol brasileiro e o marketing sempre esbarrou no amadorismo dos dirigentes, visões românticas um pouco ultrapassadas do esporte e falta de visão. Com novos atores e alguns clubes que já se destacam no marketing, isso irá rapidamente mudar. Quem não se adaptar ficará para trás e um bom profissional de marketing nesses clubes pode ser tão valioso como um camisa 10 de classe.