A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em primeira votação, um projeto de lei que pode transformar completamente a paisagem urbana da cidade. A proposta irá permitir que painéis de LED possam cobrir até 70% da fachada de grandes prédios em áreas como a Av. Paulista e Santa Ifigênia, seguindo os passos da famosa Times Square, em Nova York.
A ideia? Estimular o uso publicitário de fachadas, telões e painéis em regiões estratégicas da cidade, como a Avenida Paulista e o centro histórico, tornando esses locais verdadeiros hubs de comunicação urbana e cultura visual.

Menos “Cidade Limpa”, mais “cidade que brilha”
A proposta prevê mudanças significativas na regulamentação atual. O limite de 4m² para anúncios em imóveis pode saltar para 12m². A nova lei também permitiria propaganda em locais antes vetados, como parques, pontes, viadutos e imóveis tombados. Tudo isso com o objetivo de atrair investimentos, movimentar o turismo e estimular a revitalização de áreas degradadas.
Segundo Rubinho, “o modelo da Times Square é um sucesso mundial e mostra como a publicidade, quando bem regulada, pode ser parte da identidade cultural de uma metrópole”.
Como era de se esperar, a proposta divide opiniões. De um lado, há quem veja a iniciativa como uma chance de transformar São Paulo em uma cidade mais dinâmica, conectada com o branding urbano das grandes capitais globais. De outro, urbanistas, arquitetos e entidades de preservação alertam para o risco de retrocessos na paisagem urbana e aumento da poluição visual.
Críticos como o arquiteto Valter Caldana (Mackenzie) lembram que a Lei Cidade Limpa é considerada um marco no urbanismo brasileiro e que sua flexibilização pode comprometer décadas de avanço na organização visual da cidade. Já a oposição política apelidou o projeto de “Lei da Cidade Suja”, apontando que a fiscalização, já precária, não conseguiria lidar com os excessos que a proposta poderia liberar.

Publicidade como parte da paisagem
Apesar da polêmica, a proposta reflete uma mudança de mentalidade em torno da relação entre cidade e publicidade. Em vez de proibir, a ideia é incorporar os elementos visuais como parte da experiência urbana, desde que com planejamento e critérios.
Com a primeira votação aprovada, o projeto ainda precisa passar por uma segunda votação na Câmara antes de seguir para sanção ou veto da Prefeitura. Mas uma coisa é certa: o debate sobre a identidade visual de São Paulo está reacendido e promete dividir criativos, arquitetos, políticos e a população.