Em vez de gastar milhões patrocinando gigantes do futebol europeu, o Burger King decidiu fazer o oposto: escolheu o menor clube possível — o Stevenage FC, lanterna da quarta divisão inglesa — e criou uma das campanhas mais premiadas da história da publicidade recente.
A ideia nasceu da observação simples (e ousada) da equipe das agências David Madrid e David Miami. Ao assinar contrato com o Stevenage FC, o Burger King garantiu sua marca na camisa oficial do time — que, por estar licenciado no jogo, automaticamente passou a exibir o logotipo da rede nas partidas virtuais. Em vez de negociar com gigantes como Barcelona ou Manchester United, a marca usou a lógica reversa e ganhou presença global dentro do universo gamer gastando muito menos.

Com o uniforme do Stevenage exibindo o icônico logo do Burger King no FIFA 20, a segunda etapa da campanha mobilizou os jogadores. A ação convidava os gamers a escolherem o modesto clube, montarem elencos com superstars como Messi e Neymar e compartilharem seus gols e jogadas nas redes sociais com a hashtag da campanha.


A recompensa? Prêmios reais da marca, como cupons e produtos — e, claro, o buzz gerado organicamente. O Stevenage, até então praticamente desconhecido fora da Inglaterra, virou o time mais jogado do FIFA por um bom tempo. E a marca apareceu em milhares de vídeos, streams, memes e postagens de fãs em todo o mundo.
A campanha levou três Grand Prix no Cannes Lions 2021, nas categorias Direct, Social & Influencer e Brand Experience & Activation. Foi a campanha mais premiada daquela edição do festival, consagrando a ousadia de transformar uma mecânica tradicional (patrocínio de camisa) em uma ideia digital com potencial global.

Mais do que uma ação pontual, o projeto virou referência sobre como repensar o espaço de marca dentro de ambientes digitais. Um insight simples, mas que mudou a forma como a indústria enxerga o potencial dos jogos eletrônicos como canal de mídia e experiência de marca.